quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Conta conjunta ou separada: qual a melhor escolha?

Uma das dúvidas mais comuns (e uma das questões mais controversas) do mundo das finanças pessoais diz respeito à gestão do dinheiro em um casal ou família: O que é melhor? Conta conjunta ou separada?

E, como em tudo no mundo das finanças pessoais, não há uma resposta simples e direta para isso. Pelo contrário, a resposta pode ser aquele frustrante e evasivo, pois “depende”…

Contas bancárias são apenas “ferramentas”. A discussão sobre se é melhor conta conjunta ou separada é irrelevante por si só, pois se tratam de variações de uma ferramenta. E ferramentas existem para atender a uma determinada necessidade.

O que tem que ser visto é, exatamente, qual é a necessidade (de gestão financeira) do casal.

 

O estilo de gestão financeira do casal 

A discussão, na verdade, é sobre como o casal opta por gerenciar as finanças. A conta bancária, em si, vai apenas refletir esse estilo.

Alguns casais preferem ter uma relação onde “duas pessoas viram uma só”, enquanto outros preferem manter um certo grau de liberdade e autonomia entre os cônjuges.

Para os que preferem gerenciar os recursos familiares como se fossem uma coisa única, a conta conjunta é o melhor caminho (mas existem alguns riscos e desvantagens).

Já para os que querem manter um certo grau de autonomia e preservar a individualidade, não há o que discutir: Contas separadas.

E isso acaba, inevitavelmente, nos levando a outra pergunta: Qual é o melhor estilo de gestão financeira para um casal?

 

O melhor estilo de gestão financeira 

Pois é, mais uma vez, a resposta é evasiva: Não há um estilo “ideal”. O melhor estilo é aquele que o casal adota de forma consciente e consensual.

Já foi a época em que as pessoas casavam e tinham que seguir um “manualzinho de regras”. Apesar do casamento ainda ser um “negócio” (tanto que existe um contrato) com algumas regras e obrigações, o grau de flexibilidade para os arranjos familiares é, virtualmente, ilimitado.

Então, há ampla margem para se discutir modelos de gestão financeira, dos mais tradicionais aos mais alternativos.

A única coisa que não muda (até por força de Lei) é aquilo que acontece quando o casal “deixa de ser um casal”, por separação ou morte, ou na assunção de compromissos financeiros (como dívidas).

Neste caso, se segue os regimes de comunhão previstos na Legislação.

Fora isso, qualquer modelo é, ao menos em teoria, possível.

 

Vantagens da conta conjunta 

Analisando o modelo “conta conjunta” (onde as finanças do casal vão ser geridas como um caixa único e as contas bancárias serão, de fato, conjuntas), existem três vantagens óbvias: A facilidade de organização, a transparência e os custos.

Um caixa único é mais fácil de administrar, pois o dinheiro fica todo centralizado e o planejamento financeiro fica mais eficiente. Quando surge uma despesa, não há discussão de “quem paga o quê”. Simplesmente sai desse caixa único.

E quando há uma decisão de investimento, as coisas também ficam mais fáceis. O casal (ou o cônjuge responsável pela gestão) toma a decisão, investe e pronto. Não há discussão de “o que é de quem”, até mesmo porque, em caso de separação, quem define isso é o regime de comunhão do casal.

Com relação à transparência, a vantagem também fica evidente. Se todo o dinheiro do casal forma um caixa único, os cônjuges têm total ciência do que cada um está fazendo com o dinheiro.

Com relação aos custos, ter uma única conta bancária significa ter menos taxas e tarifas. Essa vantagem de custos pode ser meio questionável hoje em dia, com a quantidade de bancos oferecendo contas totalmente gratuitas. Mas, para clientes de segmentos “premium” de bancos, isso pode ser uma questão relevante.

 

Vantagens das contas separadas 

No caso da conta conjunta, vimos que ela tem, pelo menos, três vantagens. Ter contas separadas tem uma única vantagem. Mas, dependendo do estilo do casal, essa “única vantagem” pode superar, com larga margem, todas as vantagens da conta conjunta.

Essa vantagem é a AUTONOMIA.

Em um modelo de contas separadas, cada cônjuge faz a gestão de seu dinheiro de forma individual, mantendo a autonomia e a privacidade financeira.

Se estabelece uma regra para as despesas comuns (quem paga o quê, e em que proporção) e, daí em diante, “cada um cuida do seu”.

A autonomia financeira acaba sendo uma das melhores formas de evitar e combater a infidelidade financeira, que é aquela situação em que um cônjuge “esconde” informações financeiras do outro.

No modelo de contas separadas, como a “privacidade financeira” de cada um é respeitada, não cabe dizer que um está “traindo” ou “enganando” o outro.

O modelo de contas separadas é bom para estabelecer limites e fronteiras, algo muito importante quando um dos cônjuges tem personalidade controladora e invasiva.

A autonomia financeira (proporcionada pelas contas separadas) ajuda a evitar conflitos e a preservar o respeito entre os cônjuges.

 

Desvantagens da conta conjunta 

A grande desvantagem da conta conjunta é, exatamente, o oposto da maior vantagem das contas separadas: a falta de autonomia.

Se um casal “vive bem” com a falta de autonomia e não tem problemas em viver em um regime de absoluta transparência, não há nenhum problema.

Mas, na prática, muitos casais que adotam esse modelo de caixa único acabam se cansando da falta de liberdade e escorregam para a infidelidade financeira, abrindo contas individuais e guardando dinheiro escondido, para poder fazer coisas sem prestar contas ao outro cônjuge.

E esse modelo “totalmente compartilhado” pode levar, também, a conflitos por conta de decisões de gastos e de investimentos.

A infidelidade financeira e esses conflitos são algo que não necessariamente acontecem em um casal que adota esse modelo. Mas, se acontecerem, podem causar grandes fissuras na confiança e no respeito mútuos, levando, inclusive, a uma possível ruptura do futuro.

 

Desvantagens das contas separadas 

A grande desvantagem das contas separadas é a gestão em si. Como o dinheiro não vai para um caixa único, mas boa parte das despesas são únicas, é preciso “fragmentá-las” e criar regras para os pagamentos.

Tem, também, a falta de transparência que é inerente ao modelo. Porém, essa falta de transparência está associada à privacidade. E privacidade tende a ser uma coisa positiva nesse contexto.

Mas, assim como no caso da conta conjunta, o “peso” dessas desvantagens depende do estilo do casal. Em um casal que não tem problemas em respeitar a privacidade individual e que não tenha uma gestão financeira muito complexa, as contas separadas podem ser um caminho mais adequado.

 

É possível um modelo híbrido? 

Conforme o caso (e as preferências do casal), é possível se criar um modelo híbrido, formando um caixa único (que pode ou não ter uma conta bancária conjunta para isso) para despesas e objetivos comuns do casal.

Neste caso, o casal determina um valor mensal de renda de cada cônjuge a ser “depositado” nesse caixa único, gerido em conjunto e com total transparência, e o restante pode ficar com cada cônjuge, em suas contas individuais, com total liberdade de uso e sem ter que “prestar contas”.

Pode ser uma forma de tentar combinar as melhores características de cada modelo e aumentar as chances de sucesso (não só financeiro) do casal.

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